"Aqui, diariamente, recordarei o que de melhor na cultura portuguesa se produziu. Excertos da melhor poesia. Sempre a mesma história de amor. Ele só pensa nela a toda a hora, sonha com ela p’la noite fora, chora por ela se ela não vem. E assim continua de ano para ano. O vento muda e ela não volta, ele sabe que ela mentiu, para sempre fugiu. Anda fugida nas asas do sonho. Acha ela que é bom andar sem Norte, não precisar visto, nem usar passaporte. E ele perdido como o fumo subindo no aaaaaaa-aaaaaa-aaaaaaar, como balão que sobe sobe, como o papagaio que voa, dai li, dai li, dai li, dai li dou, anda pelas ruas indiferente, caminhando sem mais notar a gente que por ele vê passaaaaaaa-aaaaaa-aaaaaaar. Anda assim ele no meio de tanta gente recordando esse amor sem grade, fronteira, barreira, muro em Berlim. Um sonho, um livro, uma aventura sem igual. Recorda aquelas noites que duravam até às seis e meia de loucura, em que ela vinha em flor e ele a desfolhava. E a desfolhada era com amor amor amor amor amor presente. No meio da loucura ela implorava «Não sejas mau p’ra mim, oh oh…». E ele dizia: «Bem bom!». Ái, que foram vidas tão cheias, foram oceanos de amor!" (Arrastão)
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