Porque é que achei este vídeo hilariante?
Porque nunca tinha visto esta magnífica reportagem e fiquei com a perfeita noção da rebaldaria que foi essa manhã histórica . . . de tal maneira assustadora que as poucas pessoas que se abrigaram quando começaram os tiros, foram os jornalistas (assim parece). Um “Sai da frente que a gente quer ver”, provavelmente gritado aos soldados (assim parece) . . . a pose do recruta que escolta o Chaimite com o troféu lá dentro. Pérolas.
E porque é que nunca tinha visto?
Porque lá em casa nós não tínhamos televisão.
Só muitos anos mais tarde é que, eu e os meus irmãos, conseguimos convencer a nossa mãe de que era humilhante não ter televisão e, simultaneamente, andar na escola. Quando os nossos colegas falavam do programa, filme ou documentário muitaaa giro do dia anterior, todos tinham algo a dizer. ”Sim! Viste a jibóia a engolir o cabrito todo de uma vez só?!” e nós . . . calados?!!! . . . não era normal.
Lá vinha o “Não têm televisão?!”, “És pobre?” e “A tua mãe considera o quê?!!!” . . . interrogações de quem nos via como seres exóticos.
Em contrapartida fomos dos primeiros a ter um spectrum (falarei um dia sobre essa experiência e da aprendizagem do conceito de partilha).
Da adolescência, para além da memória daquela massa popular a circular na avenida em calções, a banhar-se nas fontes públicas, dos bilhetes de identidade nos pára brisas e cravos . . . muitos cravos, o mais que guardo são fotografias ou descrições desse dia.
A televisão se alguma vez a mostrou (a reportagem), dava sempre uma seca tão grande na introdução, um discurso (tipo cassete) tão comprido e já tão vazio de sentido, que a minha paciência (esgotada pelo Vasco Granja) já não me permitia esperar para ver.
A primeira vez que vi imagens (não fotográficas) do 25 de Abril e do PREC, foram as de Thomas Harlan. A polémica da enxada ser ou não ser da cooperativa, a reacção das mulheres às riquezas da casa dos senhores, todos esses pormenores etnográficos reportados aqui e aqui (atente-se ao minuto 2:40) . . . conquistaram a minha atenção.
Agora, para o bem e para o mal, há o you tube.
sábado, 26 de abril de 2008
E perguntam vocês, hilariante porquê?
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Agora aqui que ninguém nos ouve,
É a cultura estúpida,
Lisboa
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