sexta-feira, 27 de junho de 2008
quinta-feira, 26 de junho de 2008
O fugitivo, nem pouco mais ou menos
Como já tinha referido aqui e aqui, o homem tem sido perseguido, indecentemente e agora está aborrecido.
«Vale e Azevedo só volta se o obrigarem (...) e acredita que em Inglaterra vai ter justiça, ao contrário de Portugal» (RTP)
Quererá ele ficar preso em Inglaterra? É capaz das condições serem bem melhores.
É que realmente! . . . não há direito nem justiça em Portugal . . . dizem que prendem e depois nada?!
Mas ele é paciente.
«Advogado britânico diz que ainda não foi notificado sobre mandado de detenção» (Público)
Pode ver-se nestes vídeos (videos.sapo.pt) como o pobre está indignado . . . toda esta indecisão que só lhe atrasa a vida!
PGR aguarda detenção de Vale e Azevedo (23/06/08)
Advogado diz que Vale e Azevedo não quer fugir (23-06-08)
Advogado de Vale e Azevedo ainda não foi notificado (25/06/08)
Vale e Azevedo é empresário de sucesso em Inglaterra (25-06-08)
Vale e Azevedo evoca argumento de cúmulo jurídico (25-06-08)Mas reparem que o homem ainda não desistiu de ser preso em Portugal e desdobra-se em tentativas
«Vale desvia 2 milhões do Benfica
Crime: Denúncia partiu de Manuel Vilarinho e o caso está na Judiciária» (Correio da Manhã)
terça-feira, 24 de junho de 2008
Mãe, vende-me os certificados de aforro
. . . e abre-me uma conta na Suíça.
«Meus amigos, esqueçam os certificados de aforro! Só no último ano atingem uma taxa interessante que obviamente não paga o “preço” de ter o dinheiro parado e mal pago durante os 9 anos anterior. Sim, há depósitos a prazo a render 5% brutos e até ligeiramente mais, disponíveis no mercado» Economia & Finanças
«o Governo também não se coibiu de reduzir a taxa de remuneração, violando os direitos adquiridos pelos aforradores que, quando compraram certificados, fizeram-no com base num conjunto de condições.» Ladrões de Bicicletas
Esta notícia é de Janeiro, data em que a portaria foi publicada. Como se prova, sou um bocado atrasada em finanças.
Para quem está na mesma situação. Com aquela sensação de que, mais uma vez, lhe foram ao bolso sem avisar, aqui estão algumas dicas. Ou então "vá pelos seus dedos" aqui.
(14-08-08) «Crise dos certificados de aforro agrava-se em Julho (DN)
Alerta internacional
. . . para Vale de Azevedo se pôr ao fresco.
«O procurador-geral da República garantiu ontem que está a ser ultimado um mandado de detenção europeu para o antigo presidente do Benfica João Vale e Azevedo e mostrou-se confiante no seu cumprimento» (DN)
É simpático. Eu gosto que me avisem quando vou ter que sair de casa . . . para saber o que vestir.
«O mandato internacional do Ministério Público deverá entrar a qualquer momento no sistema informático da Internpol e da Europl, que solicitarão a um tribunal de Londres que ordene a extradição»
«“um procedimento internacionalmente aceite”, afirmou Pinto Monteiro, esclarecendo que o mandado foi “enviado às autoridades inglesas”.
“Naturalmente será cumprido”, acrescentou o PGR, alertando contudo para o facto de “como o mundo é muito grande ser difícil o seu cumprimento”.» (Público)
Naturalmente que é . . . e agora ainda mais.
(Bolds meus)
quinta-feira, 19 de junho de 2008
quarta-feira, 18 de junho de 2008
Durão solidário com os irlandeses
«Numa alusão à crise institucional em que a UE mergulhou há três anos, na sequência da rejeição do anterior projecto de Tratado Constitucional em referendos em França e na Holanda, o presidente do executivo comunitário afirmou que a Europa não se pode dar ao luxo de continuar a "gastar energias" com mais crises institucionais e tem de combater o pessimismo.
"O Mundo não fica à espera que a Europa resolva o seu problema institucional" e é necessário enfrentar os desafios globais tais como a segurança energética, alterações climáticas, terrorismo, imigração e "uma competição mais dura que nunca", afirmou.» (Público)
Depreender-se-á por aqui, que vão arregaçar as mangas, colocar a questão do tratado para trás das costas e começar a trabalhar a sério.
«Barroso garantiu no entanto que Dublin pode contar com o apoio de Bruxelas e dos restantes Estados-membros.
"Vamos trabalhar com os nossos amigos irlandeses num espírito de solidariedade", assegurou.» (SIC Online)
Espírito de solidariedade . . . isto promete.
«O presidente da Comissão Européia voltou a dizer que o processo de ratificação do Tratado de Lisboa deve prosseguir nos oito países que ainda não assumiram uma posição, para depois se procurar - sem precipitação, mas com alguma urgência - a solução para superar a crise.
Na sessão plenária, alguns deputados britânicos eurocéticos empunhavam faixas e exibiam camisetas com os dizeres: "Respeitem o voto irlandês".» (Lusa)
É que cada vez percebo menos de política.
Mas de jornalismo vou percebendo algumas coisas. Como o facto dos jornalistas recorrerem com muita frequência ao copy paste das notícias da Lusa e aparentemente uns dos outros (reparem nos dois últimos parágrafos em cada notícia).
Ué?! eu também faço isso mas eu sou uma bloguinha (e tento ser um nadinha mais criativa).
"É um jornalista português!!!"
Premiado pelo seu trabalho "A Guerra", a série documental mais interessantes que vi nas últimas décadas.
« é um trabalho ímpar que oferece uma leitura simultaneamente global e detalhada do conturbado período bélico que precedeu a revolução de 25 de Abril de 1974, opondo as Forças Armadas portuguesas aos movimentos de guerrilha que lutavam pela independência dos territórios coloniais de Angola, Guiné e Moçambique. Um período decisivo e que teve um impacto profundo na sociedade portuguesa, não tendo até hoje recebido o esclarecimento e aprofundamento histórico devidos. » (RTP)
«"Estamos perante uma investigação baseada numa cuidadosa e criteriosa pesquisa de arquivo, mas cuja construção narrativa, ao cruzar géneros jornalísticos diferenciados, possibilita uma reconstituição de grande significado documental que, simultaneamente, permite uma melhor compreensão e abre novas perspectivas de abordagem sobre um período e acontecimentos de importância fundamental na nossa História recente", afirma o júri em comunicado, justificando a atribuição do prémio.» (Público)
Podem, se ainda não viram, ver agora este excelente trabalho jornalístico.
Pode também ver o Spot promocional no You Tube
terça-feira, 17 de junho de 2008
Democracia às vezes
«A Irlanda ficou com a responsabilidade de encontrar uma saída para o impasse que ela própria criou.
(...)
tendo o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, defendido a continuação do processo de ratificação, a despeito do “não” irlandês
(...)
"Estamos convencidos de que as reformas contidas no Tratado de Lisboa são necessárias para tornar a Europa mais democrática e mais eficaz e que lhe permitirão responder aos desafios com que os nossos cidadãos estão confrontados", afirmaram, na mesma linha, os líderes da França e da Alemanha numa declaração de reacção conjunta.» (Público)
Cá em casa também é assim.
Todos temos opinião válida.
Se escrutinamos uma ida ao Jardim-zoológico em família e eu voto não, eles vão sozinhos.
«O PCP alerta ainda “para as manobras dos que, à semelhança do que sucedeu com a rejeição popular na França e Holanda, pretendem agora manter a ratificação de um Tratado que está juridicamente morto”.
Também o eurodeputado do Bloco de Esquerda se congratulou com a vitória do “não”, considerando que os eleitores irlandeses concretizaram um desejo “de todos os europeus que queriam votar [neste tratado] e foram impedidos pelos seus Governos”. Criticando os que defendem a continuação do processo de ratificação, Miguel Portas garante que, “neste momento, o Tratado de Lisboa está morto”.» (Público)
E isto não é "porreiro" para uma certa carreira que já nasceu . . . digamos que não foi de parto natural.
(os bolds são meus)
sexta-feira, 13 de junho de 2008
"...sonhando versos e sorrindo em itálico..."
"Ah a frescura na face de não cumprir um dever!
Faltar é positivamente estar no campo!
Que refúgio o não se poder ter confiança em nós!
Respiro melhor agora que passaram as horas dos encontros.
Faltei a todos, com uma deliberação do desleixo,
Fiquei esperando a vontade de ir para lá, que eu saberia que não vinha.
Sou livre, contra a sociedade organizada e vestida.
Estou nu, e mergulho na água da minha imaginação.
É tarde para eu estar em qualquer dos dois pontos onde estaria à mesma hora,
Deliberadamente à mesma hora…
Está bem, ficarei aqui sonhando versos e sorrindo em itálico.
É tão engraçada esta parte assistente da vida!
Até não consigo acender o cigarro seguinte…
Se é um gesto,
Fique com os outros, que me esperam, no desencontro que é a vida."
1929, Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)
Mundo Pessoa
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Já fui à Beira e fartei-me de andar
Tentando conhecer algo sobre a segunda cidade de Moçambique, passei a manhã toda à procura de informações e imagens sobre a Beira, na internet. Pouca coisa encontrei, para além destas bonitas fotografias.
Depois do almoço, fez-se luz . . . atão e o youtubiu?
Bingo! Para que todos vejam, um documento etnográfico (filmado em 2006).
BEIRA -1 MOÇAMBIQUE, BEIRA - 2 MOÇAMBIQUE, BEIRA - 3 MOÇAMBIQUE, BEIRA - 4 MOÇAMBIQUE, BEIRA - 5 MOÇAMBIQUE, BEIRA - 6 MOÇAMBIQUE, BEIRA - 7 MOÇAMBIQUE.
Eu, abstenho-me de comentar . . . muito se poderia dizer mas não temos tempo (já o perdi de manhã). Mando apenas as minhas condolências à empregada da senhora.
Aos comentários anónimos, que hão de chover, peço que mantenham a compostura.
quarta-feira, 11 de junho de 2008
"Ele não fez aquilo para matar o colega"
«(...)condutor do pesado de mercadorias que atropelou José Ventura já foi constituído arguido pelo tribunal de Torres Novas, aguardando julgamento com termo de identidade e residência.
O acidente ocorreu esta terça-feira por volta das 13 horas, depois do motorista de um camião que tinha efectuado a descarga no centro de distribuição ter sido obrigado pelo piquete a imobilizar a viatura.
Segundo o tenente Figueiredo, o dono da transportadora acabou por deslocar-se ao local para retirar o pesado, mas foi recebido com insultos e tentativas de agressão física. Na altura, várias grevistas penduraram-se na cabina do veículo, mas acabaram por cair depois do camião avançar «dois a três metros», altura em que José Ventura foi atropelado. O condutor do pesado acabou por parar mais à frente na berma da EN3, tendo sido conduzido pela GNR ao posto de Santarém.» (IOL)
«José Ventura, o motorista falecido, 53 anos, proprietário de uma pequena empresa de transportes do concelho de Torres Novas, "pendurou-se na janela da cabine do camião", para tentar convencer o motorista a não abandonar aquela área (nó da A1 com a A23), onde se mantinha, ao final do dia de ontem, um dos piquetes para promover a paralisação dos transportes de mercadorias. Depois de "abrandar a marcha", o condutor do camião "acelerou e no cruzamento, apesar do sinal Stop, virou para a esquerda sem parar, recorda, ao DN, Manuel Agostinho, outro dos elementos do piquete, que, na altura almoçava com alguns colegas. José Ventura caiu, acabando por ser apanhado pelo rodado do veículo, conta, ao DN, um motorista, sem subscrever totalmente esta versão. "Ele não fez aquilo para matar o colega". José Ventura "não deve ter conseguido segurar-se e caiu", acrescenta o mesmo condutor, escusando identificar-se. » (DN)
Entretanto o jornal Público insiste em tratar todos os grevistas por camionistas
«Os três representantes dos camionistas que se reuniram hoje com o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, saíram do encontro satisfeitos com o que ouviram.» (Público)
Quando um "comunicado do SITRA (Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes) refere (...) que a maioria dos camionistas que aderiu à greve está em «situação híbrida em termos de estatuto laboral»." (IOL)
E os organizadores da greve, os donos das transportadoras, vão provar ao povo que o crime compensa.
«"A reunião foi extremamente produtiva. Foi o início de uma negociação que todos pensamos que durante o dia de hoje terá um desfecho agradável para todos nós", anunciou aos jornalistas António Loios, o porta-voz da comissão organizadora do protesto dos transportadores rodoviários de mercadorias. O ministro dos Transportes, Mário Lino, recebeu ao início da tarde três elementos da comissão, durante o intervalo nas negociações que está a levar a cabo com a ANTRAM (Associação Nacional dos Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias), entretanto retomadas.» (RTP)
Agora . . . tan, tan, tan, tam . . . para levantar a moral nas hostes . . . esta é para rir.
«O ministro da Administração Interna lamentou, em Brasília, a morte de José Ventura. "O Ministério da Administração e as forças de segurança irão desenvolver todas as medidas para que a Constituição valha, para que os direitos sejam respeitados e para que as pessoas possam circular e trabalhar livremente", disse Rui Pereira citado pela Lusa. O governante deixou ainda um aviso: "Portugal é um Estado de direito democrático, onde prevalece a lei e a Constituição e, por isso, espero que todos os cidadãos tenham sentido de responsabilidade cívica". » (DN)
Mas não pensem que isto fica por aqui. É que na tal reunião, diz o Público que já chama os bois pelos nomes.
«A Associação Nacional dos Transportes Rodoviários de Mercadorias (Antram) e Governo chegaram esta tarde a acordo
(...)
António Mouzinho, presidente da Antram, explicou que foram acordadas medidas "de natureza conjuntural e estrutural", bem como "medidas de ordem fiscal" e alterações na legislação laboral.
O responsável revelou que o Executivo não cedeu na principal pretensão do sector – o acesso das empresas de camionagem ao gasóleo profissional –, mas destacou várias outras conquistas, como a redução do custo das portagens no período nocturno durante o próximo ano.
(...)
António Mouzinho admitiu que não cabe à Antram desconvocar um protesto que não convocou, mas apela aos seus associados que tenham aderido à paralisação para que se dirijam à associação a fim de obterem esclarecimentos sobre os apoios conseguidos "ao final de vários meses" de negociações. (Público)
terça-feira, 10 de junho de 2008
Patrões, mais gentis que camionistas
Depois de um elemento de um piquete ser atropelado mortalmente
«O líder do bloqueio da Zibreira explicou que o único objectivo do piquete era perguntar ao motorista se desejava aderir à paralisação. (...) "Se a pessoa não queria aderir não adere"» (TSF)
A mim nunca nenhum camionista perguntou se desejava aderir . . . e só não me atropelaram porque eu nunca me pus à frente deles para pedir boleia (e pendurar-me, só nos eléctricos).
«O tenente-coronel Costa Lima do comando da GNR avançou à TSF que o incidente aconteceu quando o homem tentou pendurar-se num camião, mas acabou por cair, tendo sido atropelado pelo pesado.» (Público)
Parece-me que essa pergunta (deseja aderir?) terá que ser colocada noutros moldes . . . mais suaves ainda.
«a situação estava a ser particularmente grave na zona do Carregado, onde os camionistas que querem abandonar a paralisação estavam a ser «agredidos verbalmente» e ameaçados fisicamente se quisessem prosseguir viagem.» (TSF)
«"Distúrbios, pedradas e a danificar propriedade alheia, espero que não aconteça mais", rematou o primeiro-ministro» (Público)
«José Sócrates criticava os excessos no protesto dos camionistas, mas ressalvou que não está em causa a legitimidade da contestação.» (TSF)
Ressalvando então que esta contestação é legítima, Socrates apenas quer dar um puxão de orelhas porque não se atiram pedras às pessoas e assegura
«"Daremos a ajuda que pudermos [às transportadoras] e não aquela que puser em causa o interesse dos outros portugueses", referiu José Sócrates, sublinhando que a ajuda a sectores específicos não poderá pôr em causa o equilíbrio das contas públicas do país. "Não poremos em causa o interesse geral por qualquer interesse específico"»(Público)
É bom ouvir o Primeiro Ministro dizer que não vão pôr em causa o interesse geral por qualquer interesse específico, principalmente depois de tomar conhecimento das instruções do Ministério da Administração Interna
«O Ministério da Administração Interna transmitiu às forças policiais "instruções claras e precisas" para "assegurar que o transporte e o abastecimento de combustíveis se efectuem com todas as condições de segurança".» (Público)
«Uma coluna de camiões da Jerónimo Martins está a ser escoltada pela polícia, ultrapassando desta forma o bloqueio imposto pelas empresas de transporte de mercadorias, afirmou uma fonte policial no Carregado.» (TSF)
ADENDA:
«Um elemento de um piquete de camionistas em Granada foi hoje atropelado mortalmente (...) O camionista, 47 anos, era residente na localidade de Peligros (Granada), casado e com filhos, e trabalhava para um empresário em nome individual que dispunha apenas de um camião. (...) morreu também por atropelamento um elemento de um piquete na localidade Zibreira (Torres Novas). A vítima mortal, 52 anos, trabalhava na transportadora Euro-Ventura, tendo sido atropelado quando tentava parar outro motorista. Em Granada, testemunhas no local, os colegas da vítima mortal, afirmaram que o incidente ocorreu quando o camionista abordou uma furgoneta que estava a descarregar mercadoria num supermercado, localizado nas mediações do mercado, para informar sobre os motivos da paralisação. A vítima aproveitou que a furgoneta reduziu a velocidade para apoiar-se na janela do veículo, mas o motorista optou por não parar e continuou a andar.» (SIC)
Por aqui podem ver-se os "pedidos" de adesão à greve
Aveiras - GNR escoltou 40 camiões até centro de abastecimento de combustível (SIC)
Suspeitas de fogo posto - Camião ardeu junto à estrada,em Castanheira do Ribatejo. (SIC)
«O camionista apedrejado, Raul Fernandes, estava revoltado, até porque o transporte de animais vivos está autorizado pelos organizadores do protesto. O camião acabou por seguir viagem com os quatro piscas ligados.» (RTP)
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Tá a gozar comigo???
Parecer técnico, após inspecção, sobre o fogão que está a dar choques eléctricos: Colocar um tapete de borracha no chão e não cozinhar com as mãos molhadas.
Zarzueira, zarzueeeeiiiiiraaaaaa
Os brasilairos (como o meu amigo Fi pronunciava quando gozava comigo) que me visitam, são maningue.
É para mim um prazer ver tantas bandeirinhas do Brasil no meu feedjit. Não que eu desdenhe dos lisboetas e do pessoal por aí fora, costa acima, até vila-nova-de-junto-a-Galiza. De todo. São os meus mais fieis leitores: são família.
Mas descobrir que existe uma quantidade considerável (pelo menos para mim) de irmãos do lado de lá do Atlântico, que de vez em quando me visita, é uma honra. Porque a música e o humor brasileiros são parte significativa das minhas referências.
Na música, tirando a velha guarda da música portuguesa de intervenção e algumas pérolas que têm aparecido pontualmente, conheço e gosto muito mais da brasileira.
No humor, é claro que tenho muito boas referências portuguesas como o Raul Solnado, o Mário Viegas, o Herman e recentemente o Ricardo Araújo Pereira (e mais alguém de quem me esteja a esquecer) e que me farto de brincar com as diversas pronúncias portuguesas, mas o brasileiro é mais desbragado, mais à vontade. A língua portuguesa, no Brasil, está viva . . . e recomenda-se.
Muitas influências humorísticas brasileiras, vem do, já esperado Jô Soares e Agildo Ribeiro e vem-me também (lá vem a casa abaixo) das telenovelas. Aquelas em que o grande personagem brasileiro, o povão, é representado por grandes nomes do teatro, ou mesmo da televisão, que aí fazem uma perninha de vez em quando.
Bem hajam!
Pensando bem, se calhar são é todos portugueses. Somos uma grande comunidade e estamos em todo o lado.
Bem hajam na mesma!
NOTA: Tenho este post escrito há já algum tempo. Na altura acanhei-me. Hoje, depois de ler "O Declínio Irreversível da Música Popular Brasileira", decidi-me.
sábado, 7 de junho de 2008
Os moradores que skodam
depois de ter lido este post Praça das Flores, no Arrastão, recebi isto:
«Pediram-me que divulgasse esta mensagem:
olá,
A Câmara Municipal de Lisboa e os seus vereadores marco perestrello e josé sá fernandes acharam por bem alugar a Praça das Flores, durante 17 dias, a uma marca de automóveis, a Skoda. Durante estes 17 dias, a Skoda realizará várias festas nocturnas de lançamento internacional de um seu novo modelo automóvel, ocupando ininterruptamente a praça.
As pessoas - transeuntes, população do bairro, turistas - não poderão ter acesso à praça entre as 17h e a 01h, período durante o qual decorre a festa privada da Skoda. Uma parte de estrada está vedada e o jardim está todo ele vedado, com gradeamento disfarçado de arbustos. Existem uns seguranças privados à 'porta' (?!?) do jardim e muita polícia.
Existiram já confrontos entre a polícias e os habitantes, com dois destes a serem levados para a esquadra. As festas sucessivas fazem barulho sucessivo, noite após noite. O comércio local (excepto os restaurantes e cafés mais finos que estão instalados na praça e que estão abertos apenas para os convidados-skoda) está a ser prejudicado, segundo os próprios. MAS, mais importante, há um sentimento de revolta pela privatização do espaço público que está em curso (ou, como dizia um vizinho, 'quem tem o pilim é quem manda aqui nos joaquim'). Os moradores e os comerciantes, entre a revolta e o conformismo, estão a pensar organizar algumas coisas de que darei conta assim que tiver mais informação.
Entretanto, peço-vos que divulguem esta situação.
um abraço
xxx
ps - o meu interesse nisto é triplo: como eleitor e apoiante do sá fernandes, tenho algum peso acumulado na consciência face a tudo isto; sou morador, embora o barulho não chegue à minha rua; e, por fim, tenho um preconceito ideológico que me leva a achar que os espaços públicos devem ser comunizados em vez de serem privatizados.»
Eu divulgo e digo mais . . . sempre achei indecente a privatização do espaço público e nem sei o que faria se isto viesse a acontecer no Jardim da Estrela . . . segurem-me!
Para além disso, depois de ler este post na Gente de Lisboa, página oficial da candidatura de Sá Fernandes, sinto-me também ludibriada (pelo que omite).
«O jardim da Praça das Flores, na freguesia das Mercês vai ser totalmente requalificado, estando os trabalhos de recuperação do espaço já em curso desde a passada semana. (...) Os trabalhos de requalificação deste espaço estarão concluídos na primeira semana do mês de Junho.A recuperação total desta praça lisboeta tão característica e a sua devolução a todos os munícipes e visitantes, com as devidas condições, em termos de lazer e vivência social, faz parte do conjunto de intervenções urgentes contempladas pelo Vereador do Pelouro do Ambiente e Espaços Verdes, José Sá Fernandes, a ter lugar na freguesia das Mercês, que integram o plano de mais de 200 acções a ter lugar nas 53 juntas de freguesia da cidade até 2009, apresentado na CML no passado dia 19 de Maio.»
E pergunto . . . será que as outras 200 acções previstas, vão também ter estes contornos?
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Que se vayam todos
. . . e que fiquem por lá.
Já agora, Argentina - La Toma, um filme canadiano (uma hora, vinte e seis minutos e quarenta e sete segundos), que encontrei no PROSAS VADIAS.
«O filme descreve o processo de recuperação de empresas, na Argentina, por parte dos trabalhadores. Um filme dos canadenses Avis Lewis e Naomi Klein.
Com boa vontade “subversiva” e “de emocinar” através de uma “história humana”, nos antípodas do reality show, Klein e Lewis afirmam que “La toma” deu “uma volta de 180 graus ao debate sobre a globalização”. Como? “Apresentando alternativas” a uma problemática, a da fuga de capitais e a deslocalização de empresas, capaz de "arrasar um país fronteiriço entre o primeiro e o terceiro mundo como a Argentina, mas que ameaça igualmente Barcelona, Toronto e Caracas”.
Lewis reconhece que fábricas foram ocupadas noutros locais e momentos da história, mas destaca o caso argentino “um novo ênfase na democracia com base em assembleias” e o exemplo de uma luta construtiva que substitui “a tradição da greve” pela “Insistência no direito e a necessidade de trabalhar com dignidade”.
Klein salienta: "Se nos anos 70 a ocupação de fábricas foi resultado de uma ideologia global, hoje inverteu-se o processo e a política nasce e cresce em acções como a de ocupar não só uma fábrica, mas também uma casa, ou um centro social, ou – apropriados na Internet - um programa de software livre ou uma canção”.»
(Tradução possível)
O porteiro fica. Estava na manifestação.
Não me espanta nada que as comemorações sejam feitas no exterior . . .
«10 de Junho: Dezanove ministros e secretários de Estado nos quatro cantos do mundo»
O governo não se quer arriscar a esta audiência nas comemorações, apesar de afirmar que os números não os impressionam.
Para quem quiser protestar lá fora, têm vários destinos à escolha, aqui vai a lista.
«Onde vão estar os governantes»
(Fonte: Público)
E quem é que regula os blogs?
«A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) condenou alguns órgãos de informação pelo incumprimento de regras legais e deontológicas na cobertura jornalística do vídeo divulgado na Internet sobre um episódio de indisciplina na Escola Secundária Carolina Michaelis, Porto.» (RTP)
Eu cá não me chateio muito com isso mas que convinha tirarem a cabeça da areia e darem alguma atenção aos blogs . . .
quinta-feira, 5 de junho de 2008
Vale e Azevedo com Termo de Identidade e Residência em Londres
«A GNR deslocou-se a casa de Vale e Azevedo em Colares, Sintra, para o deter, no âmbito do caso "Dantas da Cunha"» (msn Desporto)
Tá tudo parvo! Então se o homem há dois anos que foi viver para Londres, com a esposa e é lá que exerce a sua actividade profissional, fazia algum sentido cumprir o Termo de Identidade e Residência em Colares. Corrijam-me se estiver enganada.
Parece que não aprenderam nada com a Felgueiras.
Agora só falta decidirem-se quanto à «Recompensa para quem localizar Vale e Azevedo» . . . há muito boa gente que é capaz de dar uma ajudinha. (diário IOL)
(07-06-08) «O ex-presidente do Benfica João Vale e Azevedo está em Londres com o conhecimento das autoridades portuguesas, aguardando actualmente resposta das mesmas a uma carta, disse hoje à Lusa o seu advogado britânico.Edward Perrot (...) O advogado adiantou ainda que foi enviada uma carta há vários dias às autoridades portuguesas levantando questões sobre a actual situação judicial do seu cliente. "As autoridades, se quiserem localizá-lo, podem fazê-lo através de mim ou responder às cartas que lhes enviei"» (Público)
Que desaforo!!!
Ele tão preocupado com a sua actual situação judicial . . . até enviou uma carta a pedir esclarecimentos (por quem sois?! condenado, em Outubro de 2006, a sete anos e meio de prisão pela prática dos crimes de falsificação e burla qualificada) e inclusivamente se disponibiliza a ser contactado a qualquer momento . . . através do seu advogado . . .
Fazerem este sururu todo . . . um mandato de detenção internacional . . . armados em mete nojo.
Obama e os frangos
Eu sei que muitos de vocês vêm aqui na esperança de saber algo mais sobre as minhas memórias escabrosas. Ou não . . . Se calhar caíram aqui por engano. O google tem dessas coisas . . . uma pesquisa por lixo, ou camelos em África e vêm aqui parar. Mas a família vem aqui saber de nós . . .
E eu com os frangos do Sr. António.
Que querem? Acho divertida a maneira como eles atravessam a machamba desabrigada, com pequenas corridas. Escondem-se atrás dos pequenos pés de milho que resistiram à fúria devastadora, que apenas lhes tapam as pernas curtas, olham em volta e lançam-se novamente num desvario até ao pé de milho mais próximo.
Penso que é um assunto bem mais saudável que, por exemplo, o primeiro discurso de Obama sobre política externa, em que declara «um apoio incondicional a Israel» . . . ou também que «Sem se referir a eventuais negociações com Teerão, Obama disse que as ambições nucleares iranianas representam “uma séria ameaça” à estabilidade do Médio Oriente. “O meu objectivo é eliminar esta ameaça” e “tudo farei o que estiver a meu alcance para evitar que o Irão obtenha armas nucleares», garantiu, antes de uma forte ovação em pé dos presentes na conferência.» (Público) . . . ou ainda (é um nunca acabar de surpresas), descobrir que no tal discurso maravilhoso em New Hampshire, que originou uma música e que eu postei aqui, Obama também disse “We will end this war in Iraq. We will bring our troops home. We will finish the job - we will finish the job against Al Qaida in Afghanistan...” . . . (NYTimes.com)
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Desolação
Depois deste post e deste, a vida na machamba foi voltando à normalidade.
Num terreno de cerca de 2000 m2, composto por mais de uma dezena de machambas, machambeiras e sem-abrigo partilham o mesmo espaço com os corvos e as galinhas do Sr. António, em quase perfeita comunhão . . . não fôra o lixo.
Uma machambeira em particular despertou-me o interesse. Chegava de manhã cedo com um bebé de poucos meses, deitava-o no chão à sombra da única mandioqueira já árvore feita e ia machambar. De início fiquei apreensiva com a possibilidade de algum bicho africano fazer mal ao pobre rebento mas com o passar do tempo, habituei-me e fui acompanhando o desenvolvimento do bebé. Ouvi o primeiro palreio e observei-lhe as primeiras tentativas para levantar a cabeça, deitado de barriga para baixo . . .
Chegado o meio da manhã, chorava de fome ou de aborrecimento e a mãe, entrouxava-o nas costas, machambava mais um pouco e ia-se embora.
Também os sem-abrigo mantiveram as suas rotinas . . . e a compostura . . .
Hoje de manhã um barulho diferente levou-nos à varanda das traseiras, para descobrirmos um tractor a arrasar, sem apelo nem agravo, todo o verde, viçoso e por colher.
Nada se salvou (o Sr. António ainda conseguiu manter parte da sua machamba . . . por hoje) e por pouco não obrigavam o tractorista a varrer os sem-abrigo também (ele parou o tractor e aparentemente recusou-se a dirigir o tractor nessa direcção . . . se os querem expulsar, vão lá falar com eles). Penso que esse foi o único objectivo desta destruição gratuita. À falta de coragem para mandar embora os suspeitos dos assaltos que alegadamente tem acontecido nas nossas barbas, sem que disso tenhamos dado conta, arrasa-se com tudo.
Em poucas horas, os responsáveis pelo terreno, conseguiram destruir o que mais de uma dezena de famílias levou anos a criar para seu sustento.
As traseiras são hoje a imagem da desolação. O lixo, triturado e espalhado pelo campo nu, é agora a única coisa que cresce por ali.
Confissão de Yoani
Tradução (dentro das minhas possibilidades) de um post de Yoani, autora do blog "Geração Y", que referi neste post.
«Denúncia - alegação - confissão
Avisam-me que em cima da mesa de um qualquer gabinete descansa o “meu caso”. Um dossier completo de provas de infracções cometidas, um volumoso processo de ilegalidades que se acumulou nestes anos. Os vizinhos sugerem-me que me disfarce com óculos escuros e desligue o telefone quando quiser falar de algo privado. Pouco, muito pouco - esclarecem-me - pode já ser feito, para que não me toquem à porta uma manhã bem cedo.
Até lá, quero assinalar que não guardo armas debaixo da cama. No entanto, cometi um delito sistemático execrável: Acreditei-me livre. Tão-pouco tenho um plano concreto para mudar as coisas, mas em mim, a queixa substituiu o triunfalismo e isso é – definitivamente - punível. Jamais pude dar uma bofetada a alguém, não obstante neguei-me a aceitar o sistemático esbofeteamento ao meu “eu cívico”. Este último é condenável no mais elevado grau. Para além disso, e apesar de não ter furtado nada alheio, quis “roubar” – em repetidas ocasiões - o que acreditava pertencer-me: uma ilha, seus sonhos, seus legados.
Mas não se fiem; não sou de todo inocente. Tenho em minha posse um montão de coisas: compradas sistematicamente no mercado negro, comentei em voz baixa – e em termos críticos – sobre quem nos governa, pus alcunhas aos políticos e comunguei do pessimismo. Para cumulo, cometi a abominável infracção de acreditar num futuro sem “eles” e numa versão da história diferente da que me ensinaram. Repeti os slogans sem convicção, lavei os trapos sujos à vista de todos e - magna transgressão – uni frases e juntei palavras sem permissão.
Eu declaro – e assumo o castigo que me calhe - que não fui capaz de sobreviver e cumprir todas as leis, ao mesmo tempo.»
Se alguém quiser fazer correcções à tradução, esteja à vontade, eu agradeço.