quarta-feira, 11 de junho de 2008

"Ele não fez aquilo para matar o colega"

«(...)condutor do pesado de mercadorias que atropelou José Ventura já foi constituído arguido pelo tribunal de Torres Novas, aguardando julgamento com termo de identidade e residência.

O acidente ocorreu esta terça-feira por volta das 13 horas, depois do motorista de um camião que tinha efectuado a descarga no centro de distribuição ter sido obrigado pelo piquete a imobilizar a viatura.

Segundo o tenente Figueiredo, o dono da transportadora acabou por deslocar-se ao local para retirar o pesado, mas foi recebido com insultos e tentativas de agressão física. Na altura, várias grevistas penduraram-se na cabina do veículo, mas acabaram por cair depois do camião avançar «dois a três metros», altura em que José Ventura foi atropelado. O condutor do pesado acabou por parar mais à frente na berma da EN3, tendo sido conduzido pela GNR ao posto de Santarém.» (IOL)

«José Ventura, o motorista falecido, 53 anos, proprietário de uma pequena empresa de transportes do concelho de Torres Novas, "pendurou-se na janela da cabine do camião", para tentar convencer o motorista a não abandonar aquela área (nó da A1 com a A23), onde se mantinha, ao final do dia de ontem, um dos piquetes para promover a paralisação dos transportes de mercadorias. Depois de "abrandar a marcha", o condutor do camião "acelerou e no cruzamento, apesar do sinal Stop, virou para a esquerda sem parar, recorda, ao DN, Manuel Agostinho, outro dos elementos do piquete, que, na altura almoçava com alguns colegas. José Ventura caiu, acabando por ser apanhado pelo rodado do veículo, conta, ao DN, um motorista, sem subscrever totalmente esta versão. "Ele não fez aquilo para matar o colega". José Ventura "não deve ter conseguido segurar-se e caiu", acrescenta o mesmo condutor, escusando identificar-se. » (DN)

Entretanto o jornal Público insiste em tratar todos os grevistas por camionistas

«Os três representantes dos camionistas que se reuniram hoje com o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, saíram do encontro satisfeitos com o que ouviram.» (Público)

Quando um "comunicado do SITRA (Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes) refere (...) que a maioria dos camionistas que aderiu à greve está em «situação híbrida em termos de estatuto laboral»." (IOL)

E os organizadores da greve, os donos das transportadoras, vão provar ao povo que o crime compensa.

«"A reunião foi extremamente produtiva. Foi o início de uma negociação que todos pensamos que durante o dia de hoje terá um desfecho agradável para todos nós", anunciou aos jornalistas António Loios, o porta-voz da comissão organizadora do protesto dos transportadores rodoviários de mercadorias. O ministro dos Transportes, Mário Lino, recebeu ao início da tarde três elementos da comissão, durante o intervalo nas negociações que está a levar a cabo com a ANTRAM (Associação Nacional dos Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias), entretanto retomadas.» (RTP)

Agora . . . tan, tan, tan, tam . . . para levantar a moral nas hostes . . . esta é para rir.

«O ministro da Administração Interna lamentou, em Brasília, a morte de José Ventura. "O Ministério da Administração e as forças de segurança irão desenvolver todas as medidas para que a Constituição valha, para que os direitos sejam respeitados e para que as pessoas possam circular e trabalhar livremente", disse Rui Pereira citado pela Lusa. O governante deixou ainda um aviso: "Portugal é um Estado de direito democrático, onde prevalece a lei e a Constituição e, por isso, espero que todos os cidadãos tenham sentido de responsabilidade cívica". » (DN)

Mas não pensem que isto fica por aqui. É que na tal reunião, diz o Público que já chama os bois pelos nomes.

«A Associação Nacional dos Transportes Rodoviários de Mercadorias (Antram) e Governo chegaram esta tarde a acordo
(...)
António Mouzinho, presidente da Antram, explicou que foram acordadas medidas "de natureza conjuntural e estrutural", bem como "medidas de ordem fiscal" e alterações na legislação laboral.
O responsável revelou que o Executivo não cedeu na principal pretensão do sector – o acesso das empresas de camionagem ao gasóleo profissional –, mas destacou várias outras conquistas, como a redução do custo das portagens no período nocturno durante o próximo ano.
(...)
António Mouzinho admitiu que não cabe à Antram desconvocar um protesto que não convocou, mas apela aos seus associados que tenham aderido à paralisação para que se dirijam à associação a fim de obterem esclarecimentos sobre os apoios conseguidos "ao final de vários meses" de negociações. (Público)

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