Enquanto ao meu lado, a minha filha, irrequieta, inventa espaço na cadeira para uma cabana de toalhas e capulanas, à minha frente, a beatitude do Paulo que se delicia com um naco de carne saboroso, coisa rara nos restaurantes de Maputo.
Ao fundo, a barra da marina com pescadores. Todos parecem ser portugueses.
Na mesa à minha esquerda, um casal moçambicano com ar de quem está a comemorar as bodas-de-prata. Ele, de cara fechada na ementa, parece avaliar a despesa que a comemoração exige. Ela está de costas, mas dá para ver que está calada, procurando desesperadamente algo para dizer. Casamento a quanto obrigas.
À direita, o Mar. A baía de Maputo.
Estamos no Clube Naval de novo. A filha quis vir à piscina e eu aproveito para estudar . . . ou dizer baboseiras.
Temos tido alguns momentos especiais.
Fomos passar o domingo a casa de um amigo português/moçambicano/sul-africano (ainda não percebi bem), num condomínio com piscina. Vieram buscar-nos mais cedo para podermos dar um mergulho . . . "Não pode, acabámos de fazer tratamento da água". Num domingo, véspera de fim-de-ano, férias, familiares . . . bem pensado. Mas foi um dia simpático. Eles são simpáticos e sabem receber, coisa que o Paulo adora.
Anteontem fomos jantar com outro casal amigo, os meus moçambicanos preferidos, que tem estado fora.
Agora com o regresso de toda a gente talvez a questão da casa se resolva.
Ainda não vos falei da casa onde estamos, na esperança de o poder fazer já noutra situação . . . está difícil. Por isso vou falar dela mesmo assim.
A casa é muito cara, o que não seria tão grave se não tivesse algumas falhas.
Estamos no mesmo edifício onde já tínhamos estado um mês, desta vez no 1º andar. Não há aranhas e a cadela tem um 1º balcão para as machambas (hortas). Estas são as vantagens do sítio.
Quando chegámos, a casa não tinha sido limpa, tínhamos portanto baratas africanas como inquilinas. Não tenho fotografias das baratas mas esta fotografia de uma formiga ilustra o que quero dizer.
A sala depois de um mês, continua sem uma das janelas. Tem um mosquiteiro, mas quando chove (as chuvas aqui não são mansas), chove na sala e temos que tirar rapidamente tudo da mesa. A única vez que a filhota teve febre foi depois de passar uma tarde na sala, na corrente de ar.
Na casa-de-banho a luz não funciona. Levámos um candeeiro do quarto, que temos que ir ligar de cada vez que ela lá quer ir.
Não há ar condicionado. Um grande problema para o Paulo. Isso e o facto de não haver secretária, nem nada parecido, num apartamento que é suposto ser para professores.
Para cúmulo, a porta de entrada no rés-do-chão, que é guardada 24 horas por dia, fica fechada quando alguém manda os guardas comprarem qualquer coisa, quando vão à casa-de-banho ou quando fogem das tempestades, e isto não é bom!!! Só eles têm a chave. O Paulo já ficou várias vezes à espera (numa delas ensopado) e eu já tive um acesso de fúria, a derreter ao Sol . . . salva por um vizinho em calções de banho que me ouviu bater à porta.
Depois há outros pequenos pormenores, irritantes é certo, mas pequenos. Um exemplo é a loiça para três. Só podemos convidar alguém (uma pessoa) se a comida for marisco, porque isso, eu como com as mãos. Se formos obrigados a ficar aqui teremos que comprar um serviço de mesa.
Ainda não começámos a procurar outra casa a sério mas já temos uma ideia do que nos espera através de blogs de pessoas na mesma situação.
Como já referi estou no Clube Naval e era suposto estar a estudar. Vou tentar, até já.
Beijos
domingo, 6 de janeiro de 2008
Out of Africa
Etiquetas:
Agora aqui que ninguém nos ouve,
Maputo,
Mozandanças
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1 comentário:
Granda foto!!!
07-01-2008 22:20
Escrito por: Pedro Penilo at 2008/02/11 - 01:29:29
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